É de praxe, entre nós, não dar valor a nossa história e suas datas
comemorativas.
Isso, talvez, decorra do fato de não ter havido, grandes lutas de
conquista pelo povo que compunha o Brasil à época dos acontecimentos.
Pelo menos, é o que aconteceu com a proclamação da República. Senão,
vejamos: a monarquia caiu, sem alarde, por meras circunstâncias de sua
inevitabilidade.
Os militares se sentiam desprestigiados e inferiorizados pelo
governo monárquico, dada à ausência de soldos compatíveis, equipamentos e
promoções, assim como os senhores barões da terra, alimentavam, de forma
crescente, as movimentações em prol da instalação da República, principalmente
depois do ato da Abolição da Escravatura pela Princesa Isabel, em 1888.
Aliou-se a essa insatisfação, a liberdade de imprensa e de opinião
vigorantes à época ainda durante a implantação do Reinado, preconizando em
favor dos ideais republicanos.
O único elemento realmente desconcertante nessa situação, era o
povo de maneira geral, pois, por razões históricas, se prendia aos atos
imperais como dados por um pai benevolente e conselheiro, sem quaisquer laivos abruptos
de luta e de demonstração política de descontentamento. E, não podia ser
diferente. O país era fictício tal como o de Bruzundanga e sua corrupção
desenfreada na área pública em compadrio com a área privada, descrito por Lima
Barreto, em publicação póstuma, em 1928.
Portanto, a monarquia já não oferecia alicerces de sustentação
para quem quer que fosse, e, dessa forma, caiu de madura, sem choro nem vela.
Mas, graças a isso tudo, hoje, somos republicanos com todas as
implicações boas ou más que nos guiaram até aqui.
O que se espera, ainda hoje é que todos em conjunto se posicionem
em favor da República e em sua melhoria, pois por muito que já tenhamos
alcançado – e não foi pouco, apesar de toda adversidade – estamos longe de
atingir o ideal democrático em busca de soluções aos graves problemas que ainda
permeiam a vida brasileira, em campos como a cultura, a política, a economia,
com marco especial ao ideal de conscientização compatível à vigência de um país
com saúde, cultura e educação, não como mero palavrório eleitoreiro, mas como
síntese de um sonho a ser atingido, como preconiza o Hino da Proclamação da
República, de Medeiros e Albuquerque (1867-1934) e Leopoldo e Silva (1850-1902):
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.
Viva a República!
Mário Inglesi
Nenhum comentário:
Postar um comentário