O termo holos em grego expressa a ideia de inteireza e integridade. Para o
conhecimento médio o todo se compõe das partes que o constituem, o todo é a
soma dessas partes. Essa forma de conhecer associa parte e todo com o
quebra-cabeça, assim como com a natureza inorgânica.
O inusitado surge, no
entanto, quando se adentra o universo do orgânico onde um princípio organizador
atua não apenas sustentando a forma, como também a transformando. Esse
princípio pode ser compreendido como um epifenômeno ou como um nível superior
de organização que atua sobre o nível inferior. Em qualquer desses casos,
observáveis nos reinos vegetal, animal e humano, o que denominamos todo é
sempre maior que a soma de suas partes.
Em outras palavras,
enquanto no mundo inorgânico um mais um resulta dois, no mundo orgânico o
resultado é sempre maior que dois. Saímos da matemática do inorgânico e
adentramos a “matemágica” do orgânico. Esse conceito do todo poder ser maior
que suas partes é a melhor aproximação desse termo holos.
Os termos shalom e salam, derivados de línguas semíticas, chegam à nossa gramática
como paz. No entanto, naquelas línguas eles compreendem um sentido de
integridade que pode ser inclusive transposto para objetos inanimados. Ou seja,
posso dizer que uma vassoura está em paz! Pois está inteira e, portanto,
íntegra.
Podemos então resgatar a
compreensão de saúde enquanto estado pleno do ser. Se estou em paz e se estou
inteiro, estou íntegro e integrado. As práticas integrativas almejam e propõem
algo justamente nesse sentido.
Pessoas não integradas,
ou seja, que romperam consigo mesmas, perderam a relação com sua essência, que
em grande parte das tradições está relacionada ao coração. Daí o termo corrupto
(cor – coração / rupto – roto); quando rompo com minha porção mais essencial é
como se rompesse com o coração. Nessa corrupção, nessa rotura cardíaca está o
princípio do adoecimento. Adoecimento que não ocorre como uma patologia que se
instala instantaneamente, senão como estado de mal-estar ou de perda da paz
interior. As práticas integrativas visam restabelecer a paz interior, a
integridade perdida, antes que a doença se manifeste no corpo físico.
Muito bom!
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