quarta-feira, 1 de março de 2017

SOBRE ANJOS - ESTÓRIAS E OUTRAS COISAS

Continuação de: O ANJO EM MIM


       O materialista em sua coragem escolheu um mundo e um modo de viver divorciados de tudo o que não pode ser apreendido pelos cinco sentidos físicos. Como consequência, entendeu ser o humano, do ponto de vista vida ou biológico, o mais elevado entre os seres. Escolheu ainda que seu reino, o reino humano, unido aos reinos animal, vegetal e mineral, compreende tudo o que possa ser objeto de estudo ou ainda as únicas instâncias que merecem a alcunha de realidade.
      Para os demais, permeáveis ao incognoscível, em que momento da evolução humana nos desconectamos dos anjos? Em que momento voltaremos a nos conectar?




      Algumas histórias de anjos carecem ser lidas como: “O anjo está perto” de Chopra, o conto “Do que os homens precisam” de Tolstói (Contos Populares – década de 1880) e o inigualável Guimarães Rosa (Primeiras Estórias) no conto “Um moço muito branco”. Cada um, a seu modo, compartilha seus olhares concernentes a esse reino suprafísico imediato ao humano. Cada um abre uma janela de possibilidades de relação com essa classe de seres pouco compreendidos e pouco visitados, ao menos daqui pra lá...
      Chopra aproxima a ideia de anjo à da luz. Na medida em que o personagem se permite entrar em relação com ela (Luz), a mesma se metamorfoseia em um ser antropomórfico disponível ao diálogo.
– Eu sei que nós chamamos vocês de anjos, mas o que você é para si próprio? Há algum nome que você use?
– Na verdade, não. Quando vejo a mim sou apenas uma janela. Se quiser pode olhar através de mim. Sou transparente. É assim que sou para Deus e, portanto para mim.
      O curioso em Chopra é a ideia da presença do anjo causar um aumento da consciência das pessoas que estão em proximidade a ele; consciência que na maior parte das vezes se dissipa com o afastamento do anjo, dado que o humano não teria desenvolvido em si a força de sustentação para aquela consciência. Isso se assemelha à experiência humana de entendermos algo quando alguém que sabe àquele respeito nos explica, mas que se esvai de nossa compreensão quando da ausência daquela pessoa sabidona.
      Em Tolstói, Mikhail cumpre contrariado uma missão e perde as asas pela inconformidade com o que lhe foi solicitado. Aprende com o humano sobre algo que no reino que habitava não era possível aprender. Traz em si três perguntas a serem respondidas: “O que existe nos homens? O que não é dado aos homens? Do que vivem os homens?”. Sua luz aumenta conforme aprende, é silencioso e hábil além de capaz de enxergar além das aparências. Reconquista as asas ao encontrar as respostas e compreender que o mal que acreditou ter feito visava um bem maior, impossível de compreender então.
      Finalmente, Guimarães pinta com palavras a estória de um moço muito branco, que aparece, não se lembra, visto para ele só haver o presente, e em todos que se aproxima desperta aquilo que mais carecem. Desaparece como apareceu em meio a fenômenos extremos da natureza sob chuva, raios e trovões...
      Estórias anedóticas para uns, realidade para outros, estão contadas aí para quem quiser ler. Se fosse você eu leria, para não dizer depois que não sabia...
No caso do assunto interessar, vale ler também: de Matthew Fox e Rupert Sheldrake “A física dos anjos”, uma visão científica e filosófica dos seres celestiais; de Rudolf Steiner “O anjo em nosso corpo astral” e “A Ciência Oculta”; de Max Heindel “Conceito Rosacruz do Cosmos”; de Diether Lauenstein “As Leis Biográficas à Luz da Biblia”; de Mônica Bonfiglio “A magia dos anjos cabalísticos” e de Wim Wenders o filme “Asas do desejo”. Finalmente, para uma compreensão mais lúcida é imprescindível a leitura das lâminas 14 (A Temperança) e 15 (O Diabo) na obra magistral “Meditações Sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô” escrita por autor anônimo pela editora Paulus.




Ao ignorarmos a presença dos anjos fecham-se as portas conscientes aos demais reinos, ou seja: arcanjos, principados, potestades, virtudes, dominações, tronos, querubins, serafins, terafins e xeofins; síntese que integra a “antena” cósmica do humano.
Se você nasceu sem asas não faça nada para impedi-las de crescer.

Um comentário:

  1. Tomo a liberdade de acrescentar uma sugestão de leitura, Diálogos com o anjo.

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