Por: Deyvid José - Graduando em Física - USP
Atualmente, muitas
sociedades humanas vivem e se organizam em torno de um calendário que é
constituído por dias, semanas, meses e anos. Diversas pessoas, desde a tenra
infância, aprendem que o tempo está passando e que “há horário pra tudo”:
comer, dormir, brincar, trabalhar, ir para a escola… enfim, é como se a vida na
sociedade contemporânea exigisse um pensar constante sobre o tempo e a
necessidade de utilizar um calendário.
Poderíamos
nos perguntar: “Como tudo isso começou?”, “Por que a semana tem sete dias?”,
“Por que as escolas devem cumprir no mínimo 200 dias letivos de aula?”, “Por
que tantas pessoas trabalham 40 horas (ou mais) por semana?”, “O que é tempo?”
ou pior: “O que tudo isso tem a ver comigo?” rsrsrs.
Como pode ter ficado
claro, pensar sobre tempo e calendário nos permite questionar várias coisas,
porém muitas respostas podem parecer incompletas ou difíceis de achar num primeiro momento. No contexto da “astronomia
moderna” (ocidental), a primeira reflexão sobre o tempo que poderíamos fazer
seria relacioná-lo com o movimento aparente dos astros celestes.
O
dia e a noite estão relacionados com o movimento aparente do Sol, as chamadas fases da Lua se relacionam com as ideias
de semana e mês e o movimento de translação da Terra, assim como as 4 estações,
estão relacionados com o passar de um ano.
No
livro Fundamentos de Astronomia, o
autor Romildo Póvoa Faria atribui aos mesopotâmios a criação do conceito de
semana em meados do 3° milênio a.C.. Segundo ele, os planetas eram entendidos
como verdadeiros deuses que exerciam influência direta nos seres humanos e nos
acontecimentos da Terra.
Nesse
sentido, dedicaram um dia à adoração de cada deus que conheciam, começando pelo
Sol (domingo), que era o “mais importante”. Os outros dias foram dedicados,
respectivamente, à Lua (segunda-feira), Marte (terça-feira), Mercúrio
(quarta-feira), Júpiter (quinta-feira), Vênus (sexta-feira) e Saturno (sábado).
Outro ponto curioso a
esse respeito é o fato de muitas culturas terem preservado essa concepção por
meio da linguagem, como podemos observar no inglês e espanhol, conforme
indicado na tabela abaixo.
Tabela 1 - Influência da cultura mesopotâmica nas
línguas inglesa e espanhola
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Dia da Semana
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Inglês
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Espanhol
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Significado
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Domingo
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Sunday
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Dia do Sol
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Segunda-feira
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Monday
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Dia da Lua
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Terça-feira
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Martes
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Dia de Marte
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Quarta-feira
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Miercoles
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Dia de Mercúrio
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Quinta-feira
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Jueves
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Dia de Júpiter
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Sexta-feira
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Viernes
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Dia de Vênus
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Sábado
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Saturday
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Dia de Saturno
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Tão interessante quanto isso, talvez seja o fato de não precisarmos necessariamente consultar um relógio e calendário para saber a época/estação do ano e a hora do dia ou da noite. Observando, por exemplo, o céu de São Paulo por algumas horas numa noite limpa (sem nuvens) podemos perceber que há uma tendência dos astros visíveis (estrelas, planetas e Lua) se movimentarem de leste para oeste, assim como o Sol faz durante o dia; o que nos permite associar esse movimento aparente com o passar das horas.
Nessa perspectiva,
durante o dia é possível saber a hora e época do ano observando simplesmente a
sombra de um gnômon, conforme ilustrado nas imagens a seguir, que mostram o
Relógio Solar da USP, localizado na Praça do Relógio - Cidade Universitária/SP.
Esse relógio em especial também é interessante pelo fato de mostrar as Constelações que são visíveis no céu noturno durante as épocas do ano. Vale a pena conhecê-lo e, principalmente, tentar torná-lo conhecido e compreendido por todos estudantes que se interessam em conceitos de astronomia e principalmente pela vida e seus movimentos.
maravilhoso. muito importante nesta época. refletir é preciso.
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