POR: MÁRIO INGLESI
Continuação
de:
Dr. Ricardo
Se nada disso importa e
seu niilismo social e humano prevalecer preponderantemente, pare para pensar, -
acautele-se -, veja o quanto já foi feito pelo animal humano, desde as suas
origens, e o inimaginável que ainda ele fará em prol do desenvolvimento e
progresso de si mesmo e da sociedade como um todo, apesar de todas as
dificuldades e óbices que terá sempre pelo caminho para enfrentar.
Caso se deixar por
vencido, ótimo!, mas se tal não ocorrer, faça um mea-culpa e procure aquilatar a
sua participação e contribuição objetivas, em todo esse progresso de
criatividade, beleza e, em última instância de seu niilismo com os homens, a pátria,
a política e a economia, em sua atuação concomitantemente ou conjunta, continuar
firme e próspera, - desculpe - procure um buraco de tatu para se esconder, ou
procure fixar-se na posição da imagem estatuária dos três macaquinhos: “não
ver, não ouvir, não falar”, já que não sabe e, portanto não consegue descascar
uma cebola ou, mesmo, promover a retirada das bonecas “russas” uma de dentro da
outra.
Verdade… pode ser pura
maldade! : “Mas o pior cego é aquele que não quer ver”, dizem as más línguas –
sempre elas.
Melhor de tudo, para sair
desse sufoco que muitos se encontram, é seguir o conselho do poeta Mário
Quintana: (1906-1994)
“Quem abre um livro abre
uma janela.”
Em assim fazendo, é certo
que. haveria o pensar, refletir e agir de outra maneira, cantarolando:
“Dez vidas eu tivesse,
Dez vidas eu daria.
Dez vidas prisioneiras
Ansioso eu trocaria,
Pelo bem da liberdade,
Nem que fosse por um dia”
“Tiradentes Augusto Boal
e Gianfrancesco Guarnieri”
Toda essa reflexão sobre
a criatura e sua criatividade, talvez seja porque, a “vida não é tão bela assim”,
predisse o psicanalista Contardo Caligaris, portanto, nada como torná-la
palatável, melhor e muito mais bela de ser vista e vivida. Para isso usando e
vivenciando toda a parafernália criativa que perpassa os homens e suas classes
sociais, desde o artesanato até a criação mais sofisticada, inteligente, sensitiva
e estimulante advinda dos mais diversos setores da vida humana, através dos
infinitos suportes que temos e ainda teremos à nossa disposição, com o envolver
sempre crescente da nossa inteligência e criatividade, em prol do alcance da
pretendida eternidade terrena, como patrimônio nacional.
Afinal, - sabemos - somos
múltiplos. Então nada melhor que pormos nossa multiplicidade em ação, para o
que der e vier, principalmente no quesito da criatividade cuja característica
exclusivamente humana, para então colhermos os louros que porventura vamos
fazer por merecer.
Para isso, tente,
invente, proponha-se a alçar da sua caixa de surpresas algo que mostre seu
diferencial, deixando marcas sociais, talvez, - quem sabe - na linha da
produção de alimentos, cuja conquista alterou a face humana do planeta e seus
habitantes.
A propósito, já foi deveras
comum chamar alguém de “elefante” e complementar: “você não sabe a força que
tem…”.
Ainda assim, como os personagens
de Beckett, permanecer “Esperando Godot”, esperar por acontecer milagres
mostra-se querer ver “chifre em cabeça de cavalo”, nada mais que isso.
É isso, aí! Toda essa
digressão – extensa, não? – acompanhada de relação de nomes importantes no
mundo da criação, antiga e contemporânea, se alicerça unicamente na valorização
do “homo sapiens” e, seu maior trunfo pessoal e social: criatividade humana,
pela cultura e na cultura, para felicidade de todos nós e embelezamento deste
nosso planeta.
Deixe tudo isso de lado,
dê uma boa espreguiçada, tire as teias de aranha que o encobrem e, daí, então
tenha em mente algo deveras importante: nós somos também feitores de novos
seres humanos e como tais, portadores e criadores de novas heranças culturais,
bem como de outros níveis de conhecimento científico e de toda ordem, sob
extratos econômicos, políticos e sociais que também ajudamos a compor.
Isso feito, sob reflexão,
mas com atenção redobrada, pense no “Sabor da Vida”, e aprenda o saber viver,
em favor de um processo civilizador quiçá para si e para todos que o rodeiam,
em busca de um mundo cujo compartilhar seja a tônica dominante.
Aliás, João Guimarães
Rosa, aduz a dois vibrantes conceitos em Grande Sertão: Veredas:
“A cabeça da gente é uma
só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito
maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar, para o total.”
E, “mestre não é quem
sempre ensina, mas quem de repente aprende.”
Portanto, não basta, para
criar, conhecer o “Grande Sertão” é preciso chafurdar em suas “Veredas e se
aprofundar, nelas, para melhor conhecer o âmago de seus viventes e melhor entender
sua vivência e status.
Com isto, sem dúvida,
advirá a criação, em seu substrato mais profundo, pois ela estará alicerçada em
liberdade, que, segundo ainda Guimarães Rosa, “é assim, movimentação”.
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