POR: MÁRIO INGLESI
SOBRE OS
TEXTOS “SAÚDE E DOENÇA - DOIS LADOS DA MESMA MOEDA”
Dr. Ricardo
Lamento, mas só agora me dei conta de ler seu texto em duas partes, “Saúde
e Doença - Dois Lados da Mesma Moeda”, e, posso dizer, que ele é um belo e útil
“Breviário”, não só para nós, humildes mortais como para todos os profissionais
de saúde, para satisfazer uma abordagem realmente significativa a respeito da
saúde e da doença, através de modos de ver e encarar, no dia a dia de cada um,
a possibilidade de promover a ressonância positiva de um viver saudável.
Tudo que é belo, entretanto, visto de muito perto, no tête a tête ou, no
olho no olho, apresentam certas nuances, certos ângulos que talvez precisem ser
ressaltados em favor de uma melhor avaliação da realidade da beleza de suas
proposições.
Nesse sentido, partilhar sentimentos, segredos, intimidades e talvez
queixas, hoje em dia, talvez não levasse ninguém a adoecer, uma vez que, na
atualidade, as vidas íntima e pessoal com seus sentimentos díspares e nada
nobres, estão excessivamente expostas, não havendo, portanto, maiores
significações de alento ou satisfação para quem os revela, como para quem os
ouve. Aliás, na maioria das vezes, se resumem a queixas e mais queixas, que se
estendem às filas de bancos, às caixas de supermercados, nos ônibus, no trânsito,
ficando assim cerceadas de voltar seus sentimentos, queixumes, e segredos a
quem possa realmente oferecer guarida e solução, já que os ditos queixosos não
buscam soluções, mas apenas desabafos, jogando tudo para a pessoa mais próxima:
Alguém - coitado! - que lançado contra a parede não tem outra alternativa.
Outro dado importante, naturalmente, e que todos ou a maioria subestima
é “Parecer É Não Ser”.
Mas como sair disso se a sociedade vem impingindo, corriqueiramente, no
dia a dia, não só a aparência visual como a de gestos, modos de ser, de se
apresentar e, tantos outros mais. Aliás, basta atentar para as enormidades de
dicas oferecidas pela mídia, de como se portar em entrevistas de emprego: “um
absurdo”, mas levadas a sério como pertinente, pelos candidatos e pelos
“gerentões” de Recursos Humanos. Com
isso, as pessoas são obrigadas a não aceitar o que são, e se travestirem do que
não são. Com toda essa parafernália de engodos, as pessoas se escondem, não se
mostram, não confiam em si e no outro, como a parafrasear o célebre dito: “Homem
Lobo do Homem”. Portanto fujam, se escondam, se armem, mostrem o quanto os
invejam ou os odeiam.
Nesses arcabouços sociais apresenta-se difícil e muitas vezes impossível
rir, talvez, até como diz o ditado, a bandeiras despregadas, ser bem
humorado, ter alegria e espraiá-la num compartilhar com o outro, ainda que o
riso se limite aos costumes, aos políticos e às mazelas sociais que nos cercam.
É certo que, existem pequenas ilhas de alegria, mas como frequentá-las,
como usufruí-las, se estamos arrochados por liames de nós desatáveis, como, por
exemplo, o individualismo? No afã do parecer, procedemos ao endividamento
pessoal e social: “O sonho de Consumo”, que ora assoberba a muitos, a violência
que se avassala por todos os cantos e lugares, o trânsito infernal que nos
rouba tempo e mexe com os nossos nervos e, o cumprimento insatisfatório de
nossas obrigações e deveres diários, abstraindo-nos de lazeres os mais
comezinhos. Isso, sem esmiuçar os problemas da linguagem, em razão dos ditames
do “politicamente correto”, e o cerceamento da liberdade de expressão.
Todas essas circunstâncias, felizmente, nos levam a privilegiar a dúvida,
na eficácia da entronização e aceite do “Breviário” em causa própria ou alheia,
mas o que importa é que nos leve não só a repensá-lo, mas, em princípio, habilitar
nossas reflexões sobre o modo a levar a vida, em íntima consonância com a
saúde, se desejâmo-la imorredoura, e, sem maiores percalços indesejáveis. Isso,
realmente é o que importa. Afinal, “tudo vale a pena quando a alma não se faz
pequena” para o alcance de tão gratificante empreendimento expresso no que, sem
demérito, mas com louvor, aqui se chamou de “Breviário”. Não dá para atingir a
tão desejada saúde e achar que não se pode fazer nada, a não ser cultivar “limão”,
que, entre os chineses é o símbolo da morte.
Abraços compartilhados, tal como reza muito bem, o “Breviário”.
Mário Inglesi